Como gerir as dívidas

9 de Setembro, 2022

controlar dividas

Endividamento excessivo? É fugir dele

“Socorro, não consigo pagar!” Somar dívidas é um pesadelo pessoal e familiar. Como evitá-lo?

Empréstimos, quase todos temos. Poucos podem dar-se ao luxo de comprar casa ou mesmo carro a pronto pagamento, o que até pode ser menos interessante para rentabilizar o dinheiro. Mas esse é outro assunto. Queremos abordar o endividamento, em particular, como o manter sob controlo. Algo que a atual conjuntura dificulta…

A subida das taxas Euribor faz soar as campainhas.

É comum o crédito à habitação ter uma taxa variável, isto é, estar indexado a uma taxa Euribor. Quando esta sobe, a prestação da casa aumenta. É o que está a acontecer a muitas famílias portuguesas.

O aumento da prestação da casa é suficiente para desestabilizar as finanças domésticas. Com facilidade, tem um efeito dominó demolidor nas contas mensais, podendo criar o temido sobreendividamento.

Sobreendividamento: ocorre quando os rendimentos mensais do agregado familiar não cobrem as despesas essenciais, impedindo gerir-se o mês com alguma liquidez e, muito menos, ter margem de poupança.

Fugir deste cenário extremo nem sempre depende de nós (basta pensar na situação explosiva desemprego + subida do empréstimo da casa), mas podemos tomar atitudes para o evitar ou então superar.

Até onde posso ir?

Dar um passo maior do que a perna? Cuidado.

É importante refletir na questão antes de se decidir uma grande compra, que exigirá contrair um empréstimo ou mexer nas poupanças (ou ambas as opções).

Não hipotecar presente e futuro significa:

  • Manter um padrão de vida adaptado à nossa capacidade financeira; 
  • Resistir a impulsos de consumo;
  • Não contrair dívidas além das estritamente necessárias;
  • Pensar a curto e a longo prazo nos custos de qualquer compra maior (atenção às variações de taxas de juro).
Evitar a perda de controlo passa por:

  • Conhecer as despesas garantidas no orçamento mensal
  • Pagar faturas e prestações dentro do prazo (evitar coimas e juros de mora, conforme o que está em causa: )
  • Avaliar bem qualquer oferta de crédito (verificar taxas de juro e condições);
  • Utilizar o cartão de crédito com critério, e não acumular vários cartões de crédito.

As dívidas acumulam-se, e agora?

Muitas famílias têm taxas de esforço, associadas a créditos, de alto risco.

Todos os cuidados podem ser insuficientes quando há perdas de rendimento e subidas de taxas de juro. Se as finanças domésticas e pessoais já estavam na corda bamba, então tudo piora.

A “taxa de esforço” é elevada quando a maior parte do rendimento mensal se destina a pagar prestações de vários empréstimos. Quanto mais baixa for, melhor.

Imaginemos que o pior já está a acontecer. Neste caso, o maior erro é “congelarmos”.

Existindo endividamento excessivo, há que reagir:

  • Não encobrir a situação de familiares e pessoas próximas. O receio de falar pode significar perder ajuda e criar mais problemas;
  • Avisar as instituições de crédito sobre a situação, ou seja, informar da impossibilidade de pagar as próximas prestações. Uma vez avisadas, as entidades não podem ignorar a situação há planos de ação para o risco de incumprimento a acionar; Saber mais: https://clientebancario.bportugal.pt/pt-pt/prevencao-do-incumprimento
  • Renegociar os créditos com as instituições. Partir do princípio que é uma porta fechada é um erro:
  • Pedir aconselhamento técnico para o equilíbrio de contas;
  • Se necessário, contactar a Rede de Apoio ao Consumidor Endividado. Saber mais: https://clientebancario.bportugal.pt/pt-pt/entidades-da-race

Nunca perder a meta da poupança

Poupar qualquer coisa é melhor que nada.

Os especialistas dizem que devemos poupar entre 10 e 20% do rendimento mensal. Para muitas famílias, 1% já é bom, outras nem isso podem. Apesar das distintas realidades, poupar deve ser sempre um objetivo.

Mal recebemos o ordenado, o ideal é pormos de lado algum dinheiro, por pouco que seja. E depois fingir que não existe. Se alguma emergência surgir, vamos agradecer.  

Quando poupar é quase uma missão impossível, separar uma moeda de 0,50€ por dia ou pôr regularmente alguns trocos no mealheiro pode fazer a diferença ao fim de um ano.

Ou seja, os hábitos de poupança ajustam-se à realidade familiar e pessoal. 

Resta deixar uma ideia: não devemos viver para poupar, mas vivemos melhor quando poupamos.

Poupar uma verba excessiva para o nosso orçamento é tão contraproducente como poupar zero.  Na nossa gestão, sejamos realistas ou, melhor, sonhadores com os pés no chão. Ter sonhos também motiva a poupança.

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